26/09/2009

GOBEKLI TEPE

Göbekli Tepe ("Monte com Barriga" em turco) é o topo de uma colina onde foi encontrado um santuário, no ponto mais alto de um encadeamento montanhoso que forma a porção mais a sudeste dos montes Tauro, a aproximadamente 15km a nordeste de Şanlıurfa (Urfa) no sudeste da Turquia. O tel tem 15 metros de altura por 300 de diâmetro. O sítio arqueológico, que está sendo escavado por arqueólogos alemães e turcos, foi construído por caçadores-coletores no décimo milénio a.C., antes do advento do sedentarismo. Junto com o sítio de Nevalı Çori, revolucionou o conhecimento do neolítico e as teorias sobre o início da civilização. As descobertas também têm um importante impacto sobre a história das religiões. Tem se especulado na mídia popular estrangeira e em blogs conexões com o Jardim do Éden bíblico
Descoberta
Göbekli Tepe já havia sido notada por uma pesquisa arqueológica norte-americana em 1964, que reconheceu que a colina não poderia ser inteiramente natural, mas presumiu que anomalias do terreno eram apenas um cemitério bizantino abandonado. Desde 1994 escavações tem sido conduzidas pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu de Şanlıurfa, sob a direcção do arqueólogo alemão Klaus Schmidt (1995-2000: Universidade de Heidelberg, desde 2001: Instituto Arqueológico Alemão). Schmidt diz que os fragmentos de rocha na superfície do monte fizeram com que tivesse certeza de que se tratava de um sítio pré-histórico. Antes disso o monte estava ocupado por culturas agrícolas. Gerações de habitantes locais frequentemente moviam rochas e as empilhavam para limpar o terreno e muita evidência arqueológica pode ter sido destruída no processo. Académicos da Universidade Karlsruhe de Ciência Aplicada começaram a documentar os restos arquitectónicos. Logo foram descobertos pilares em forma de T, alguns dos quais apresentando sinais de tentativas de esmagamento.
O complexo
Um pilar com um alto-relevo de uma raposa.
As escavações sugerem fortemente que Göbekli Tepe era um local de culto - o mais antigo já descoberto até hoje. Até que as escavações tivessem começado, não se imaginava possível um complexo nessa escala para uma comunidade tão antiga. A grande sequência de camadas estratificadas sugere muitos milénios de actividade, talvez desde o mesolítico. A camada com indícios de ocupação humana mais antiga (stratum III) continha pilares monolíticos ligados por paredes construídas grosseiramente para formar estruturas circulares ou ovais. Até agora, quatro construções como essas foram desenterradas, com diâmetros entre 10 e 30 metros. Pesquisa geofísicas indicam a existência de mais 16 estruturas.
O stratum II, datado do Neolítico Pré-Cerâmico B (PPNB, na sigla em inglês, 7.500 - 6.000 a.C), revelaram várias câmaras retangulares adjacentes com pisos de cal polido, reminiscências de pisos em estilo 'terrazzo' romanos. A camada mais recente consiste de sedimentos depositados pela erosão e pela actividade agrícola.
Os monolíticos são decorados com relevos esculpidos de animais e pictogramas abstractos. Esses sinais não podem ser classificados como escrita, mas podem representar símbolos sagrados amplamente compreendidos, por analogia com outros exemplos de arte rupestre do neolítico.
Os relevos representam leões, touros, raposas, gazelas, burros, serpentes e outros répteis, insectos, aracnídeos e pássaros, particularmente abutres e aves aquáticas. Abutres aparecem com destaque na iconografia de Çatalhüyük não muito longe dali. Acredita-se que nas culturas neolíticas do sudeste da Anatólia os mortos eram deliberadamente expostos para serem devorados por abutres e depois enterrados. (A cabeça do cadáver era às vezes removida e preservada - possivelmente como um sinal de culto aos ancestrais).
Poucas formas humanóides foram desenterradas em Göbekli Tepe mas estas incluem relevos de uma Venus accueillante — o termo de Schmidt para uma mulher em uma pose sexualmente provocativa — e pelo menos um cadáver decapitado cercado de abutres. Alguns dos pilares em forma de 'T' tem 'braços' esculpidos, o que pode indicar que eles representam humanos estilizados. Outro pilar é decorado com mãos humanas no que poderia ser interpretado como um gesto de oração, com uma estola ou sobrepeliz gravada acima, o que pode representar um sacerdote.

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