21/09/2010

O NOVO TESTAMENTO E A ARQUEOLOGIA

QUMRAN
Embora não estejam directamente relacionados com o período neotestamentário, os notáveis manuscritos descobertos nas grutas de Qumran, perto do Mar Morto, inscrevem-se naturalmente no quadro de um curso de arqueologia bíblica. Uma dissidência judaica – o essenismo – tinha-se instalado nesta região. Os seus membros davam muita importância às profecias de Isaías relativas à vinda do Messias. Um personagem, chamado o Mestre de Justiça, conhecido apenas através da literatura apocalíptica, ocupava um lugar importante no seu espírito. Parece que seguiram este Mestre de Justiça na rejeição da ordem religiosa estabelecida em Jerusalém. No segundo século antes da nossa era, refugiaram-se no deserto da Judeia, perto do Mar Morto. Esperavam que o Messias se manifestasse primeiro nesse lugar, para aí vier num isolamento monástico.
Os textos que descrevem as suas crenças religiosas específicas são interessantes, mas foram, sobretudo, as centenas de manuscritos, cópias de livros bíblicos que datam do primeiro e do segundo século antes de Cristo, que atraíram a atenção. Encontraram-se cópias completas, parciais ou fragmentárias de todos os livros do Antigo Testamento, com excepção do livro de Ester. Antes desta descoberta, os cientistas duvidavam seriamente da fiabilidade da transmissão dos textos bíblicos, já que estavam convencidos de que séculos de cópias sucessivas tinham alterado gravemente o texto. Os erros cometidos por uns copistas seriam repetidos por outros copistas, e pensava-se que, deste acumular de erros, o texto bíblico resultante sairia gravemente alterado quando comparado com os manuscritos originais.
É interessante assinalar que os manuscritos antigos encontrados em Qunran, e apenas alguns séculos mais recentes do que os originais, apresentam muito ouças diferenças em relação aos textos que utilizamos hoje. Isso demonstra que o texto bíblico não sofreu praticamente nenhuma deformação. Podemos, portanto, ter confiança na sua integridade. O texto actual é um reflexo fiel do que os autores inspirados por Deus quiseram transmitir.
OS ESSÉNIOS E OS CRISTIANISMO.
Os essénios de Qumran praticavam um ritual de purificação muito interessante. Ao descer uma escada, entrava-se num tanque. Depois de ter sido mergulhado na água, o homem subia do outro lado purificado. Ninguém podia tocar no ´lado puro´da escada sem se ter purificado primeiro. Este ritual recorda o ritual do baptismo. Será que havia uma relação entre este ritual e o baptismo por imersão praticados por João Baptista? Muitos pensam que sim, e salientam que João baptizava no Jordão, não longe de Qunran. Sabemos hoje que um ritual semelhante também era praticado no judaísmo oficial, embora mais raramente. Tanques de purificação semelhantes, datando do primeiro século da nossa era, foram encontrados em Jerusalém e noutros lugares da Judeia, especialmente em Masada.
Embora haja numerosos pontos comuns entre o essenismo e o cristianismo, não podemos, no entanto, ignorar certas diferenças importantes. O cristianismo nasceu no seio do judaísmo, tal como a seita dos essénios. Mas isso não basta para que os consideremos um só e mesmo grupo religioso.

2 comentários:


  1. Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada: nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não gosta de indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.

    http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

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  2. Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada: nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não gosta de indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.

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