05/04/2011

O EGITO: IMPÉRIO ANTIGO

Quando Jacob chegou ao Egito, já pôde ver as pirâmides, construídas entre cinco a sete séculos antes.
Abraão também as deve ter visto durante a sua estadia no Egito (Génesis 12). As grandes pirâmides de Gizé foram construídas num curto espaço de tempo de intensa actividade, durante o reinado de três faraós da quarta dinastia (meados do 3º milénio a.C.). antes, no inicio da 1ª dinastia, Menes, um monarca do Alto Egito, conquistou todo o território e reuniu as duas partes do Egito num só e único reino. Mandou construir uma nova
capital em Mênfis, no limite entre o Alto e o Baixo Egito, um pouco mais a sul do Cairo. Ele chamou ao seu palácio “Faraó” (ou “Casa Branca”), termo que rapidamente se tornou o título atribuído aos soberanos egícios. Gize foi escolhida como local de sepulturas. Os túmulos reais tornaram-se cada vez maiores até formar as grandes pirâmides da 4ª dinastia.
Uma vista impressionante: Gizé, com as suas
pirâmides e as suas esfinges.
As seis primeiras dinastias (uma mudança na família reinante significa uma mudança de dinastia) reinaram desde Mênfis sobre um reino próspero e cuja influência se fez sentir até ao Sul, na Núbia, e até à Palestina através do Sinai, a Nordeste. Os historiadores modernos falam do Império Antigo. As dinastias que se seguiram desde então até à época de Cristo evocam esta época como sendo a mais representativa da cultura egípcia clássica. As gerações seguintes tentaram, com ou sem sucesso, suplantá-la no aspecto da ideologia religiosa e no sentido artístico.
A construção das pirâmides começou na terceira dinastia. No decorrer da 5ª e da 6ª dinastia, o seu tamanho começou a aumentar, enquanto que o poder dos reis parecia diminuir. Depois, a sua construção parou.
O Império Médio.
Pintura encontrada em Béni Hassan:
uma caravana de semitas chega ao
Egito (1890 a.C.).
Depois deste período de confusão, uma família poderosa tomo o poder em Tebas, no Alto Egito. Ela conseguiu unificar o país e reinou durante dois séculos, mais ou menos, de forma muito menos tirânica do que os monarcas do Antigo Império. Muitos indícios levam a pensar que havia uma burocracia importante, possuidora de um poder considerável. Não é impossível que Abraão tenha entrado no Egito nesta época, fingindo que a sua esposa era sua irmã, na esperança de salvar a sua própria vida (Génesis 12). Numa pintura encontrada num túmulo em Béni Hassan poder ver-se uma pequena caravana semita (de Palestinianos), que se dirige para o Egito com os seus jumentos carregados, mulheres e crianças. Nada permite afirmar que se tratava de Abraão e da sua família, mas o quadro ajuda-nos a imaginar a cena. Mesmo que “um manto com mangas” seja uma tradução melhor para “a túnica multicolor” de José, as roupas coloridas e as barbas dos visitantes deviam contrastar com as vestes brancas e as caras barbeadas do Egípcios. Os homens transportam armas e apetrechos provavelmente utilizados na metalurgia. Será que se trata de ferreiros itinerantes?
Os Hicsos.
Relevo monstrando asiáticos (Sírios, Líbios, ...)
que fazem pedidos a um alto dignitário.
Testos do final do Império Médio fazem menção de um importante afluxo de semitas. Esta imigração foi de tal ordem que se tornou necessário construir fortificações entre o Golfo de Suez e o Mediterrâneo, a fim de controlar a situação. Os semitas já presentes no Egipto tinham provavelmente exercido uma influência negativa tão grande na economia do Egito que se seguiu um novo período de decadência.
Os semitas, provavelmente cananeus do Delta, tiraram proveito da confusão para se apoderarem do poder no Delta e numa parte do Alto Egito. Eles receberam o nome de Hicsos e foram profundamente odiados pelos egícios. Estes Hicsos conseguiram manter o poder durante 150 anos.
O relato do sucesso de José no Egipto enquadra-se bem com esta época em que os Hicsos estavam no poder. Nesta altura, numerosas caravanas faziam transportes entre a Palestina e o Egito, como os Midianistas mencionados no relato bíblico. Neste clima, um semita como José podia mais facilmente adquirir um importante poder político, visto que os Hicsos eram bastante favoráveis aos semitas, “estrangeiros” como eles. É impensável que um rei que não fosse Hicso tivesse dado tantas terras à região de Gosen. Os Egícios eram camponeses que desprezavam tanto os pastores como os patriarcas.
Machado cerimonial, mostrando Amósis a expulsar
um inimigo vencido. Terá sido ele que
expulsou os Hicsos.
O relato bíblico referente a José menciona vários objectos e costumes que encontramos nos textos egípcios. Assim, os objectos utilizados na coroação de José (Génesis 41:42) são os símbolos da função de primeiro-ministro. Isso corresponde ao que a Bíblia nos relata: José estava em segundo lugar depois do soberano. Como primeiro-ministro, ele tinha a responsabilidade da vida quotidiana no Egipto, enquanto que o faraó determinava as grandes directrizes. É essa responsabilidade de José que a Bíblia nos descreve. A história bíblica de José corresponde com precisão ao tipo de governo que existia no Egito nesse período.
No século dezasseis antes de Cristo, Tebas tornou-se cada vez mais poderosa. Conseguiu por fim expulsar os Hicsos, que foram perseguidos e vencidos a Sul da Palestina, na batalha de Saruchen, no deserto de Neguev. Os tebanos tomaram o poder no Egito, e, por terem aversão a todos os semitas, alteraram drasticamente o estatuto dos Israelitas que ficaram no Egito: estes tornaram-se escravos. O “faraó que não conheceu José” fez provavelmente parte desta nova dinastia.

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