13/06/2011

O IMPÉRIO NEO-BABILÓNICO

Um pouco antes do ano 700 a.C., Mérodac-Baladan, o regente de Babilónia, revoltou-se contra a supremacia assíria. Pertencente ao povo dos Caldeus, recentemente aparecido na ribalta da política, tinha sido nomeado regente pelas autoridades assírias. Na fase preparatória da sua revolta, ele enviou uma delegação ao rei Ezequias de Judá na esperança de obter o seu apoio. Aquando desta visita, Ezequias cometeu o erro de mostrar todos os tesouros do templo. O profeta Isaías advertiu o rei de forma extremamente clara e profetizou que os tesouros seriam roubados pelos próprios Babilónicos. Um século mais tarde, a profecia cumpriu-se com precisão por ocasião da tomada de Jerusalém pelos exércitos babilónicos.
Tijolo de Nabucodonosor.
O rei assírio Senaqueribe neutralizou a revolta com grande violência e Babilónia foi destruída. Mas, com esta atitude, Senaqueribe despoletou a hostilidade de uma grande parte da população não assíria da Mesopotâmia, pois Babilónia era o grande centro da sua cultura, quase como uma cidade santa. O destruidor desta cidade só podia atrair a maldição sobre si mesmo. O fim da revolta teve também repercussões para Judá que tinha colaborado com Mérodoc-Baladan. A invasão de Judá por Senaqueribe em 701 a.C. foi uma verdadeira expedição punitiva.
1. Nabucodonosor, um monarca fora do comum.
No sétimo século antes de Cristo, Nabupolassar, descendente de Mérodoc-Baladan, teve mais sucesso na revolta contra os assírios. Ele fundou a dinastia neo-babilónica. Em colaboração com outra potência em ascensão a Este, os Medos, ele destruiu Nínive em 612 a. C., o seu filho Nabucodonosor, que era general de todos os exércitos babilónicos, ganhou uma batalha decisiva contra o Egito e contra os estados sírio-palestinos. Uma única grande batalha foi o suficiente para anexar a Palestina, incluindo Judá. A fim de assegurar a lealdade desses estados, ele faz reféns entre os seus nobres. Daniel e os seus amigos estavam entre eles. Depois desta batalha, Nabupolassar morreu.
Nabucodonosor voltou rapidamente à sua terra a fim de ser coroado rei de um império que se estendia desde as fronteiras do Egito até ao Sul da Turquia e ao Golfo Pérsico. Só o império assírio tinha sido mais vasto durante um curto período de tempo.
Relevo do deus Marduque.
Nabucodonosor dispunha de um grande exército pronto a batalhar durante toda a estação favorável, isto é, de Abril a Outubro. No Inverno, o exército ajudava na reconstrução da capital. Assim, esta voltaria a ter a sua reputação de antigamente. Veremos num tema a postar a imagem de Nabucodonosor descrita em Daniel: era um homem orgulhoso, que se vangloriava dos seus feitos em termos arquitectónicos ao ponto de se comparar aos deuses. As descobertas arqueológicas mostram até que ponto Babilónia era realmente uma cidade poderosa e impressionante.
Depois de ter destruído Jerusalém em 597 a.C., Nabucodonosor leva prisioneiro o jovem rei Jeoiaquim e estabelece o sei tio Zedequias como novo rei. Os profetas residentes em Babilónia, como foi o caso de Ezequiel, recusaram-se a datar as suas profecias em função dos anos de reinado do novo rei, e continuaram a basear-se nos anos de reinado de Jeoiaquim. Um texto recentemente descoberto diz respeito à entrega de alimentos a Jeoiaquim, rei de Judá. Isto mostra que os Babilónios continuavam a considerá-lo como sendo o verdadeiro rei de Judá, apesar de estar cativo e apesar de Zedequias ter sido colocado como regente no trono de Jerusalém. Este texto confirma a ênfase que o profeta Ezequiel deu ao curto reinado de Jeoiaquim.
Placa cuneiforme mencionando
os eventos que tiveram lugar
entre o último ano de
Nabupolassar e o 11º ano
de Nabucodonosor,
incluindo a tomada de
Jerusalém
Um recente estudo de placas cuneiformes forneceu informações preciosas que reforçam a credibilidade do relato bíblico, e mais especificamente no que diz respeito à história relatada em Daniel 3 – a grande estátua e a fornalha ardente. Em 595 a.C., parece ter ocorrido uma revolta militar contra Nabucodonosor. Neste constexto de confusão, é provável que o rei ordenasse uma convocatória geral para que cada indivíduo reafirmasse a sua fidelidade ao governo. A estátua de que fala Daniel 3 é provavelmente a do deus Marduque simbolizando o rei. Prostrar-se diante da estátua era a expressão de fidelidade tanto ao rei Nabucodonosor como à religião babilónica.
O último rei de Babilónia, Nabónido, não era babilónio de nascença. Era natural de Charan, a Norte, e adorava deuses que não faziam parte do panteão babilónico. Temos mais do que uma razão para acreditar que os babilónios não gostavam dele e, por este motivo, Nabónido passava muito tempo fora da capital. Durante a dezena de anos que durou a sua ausência, colocou o seu filho Belsazar no trono como co-regente. Na mesma altura, Ciro, o Grande, conquistou a parte setentrional do império babilónio graças a um exército constituído por Medos e Persas. Todas as fontes não bíblicas de que dispomos confirmam a versão bíblica da queda de Babilónia: foi um ataque surpresa dos Medos e dos Persas.
2. Os Medos e os Persas.

O rei Dario sentado no seu trono. Por trás dele,
o príncipe Ciro.

Ciro o Grande foi recebido em Babilónia como um herói. A sua reputação de soberano sábio e clemente precedia-o. Segundo o livro de Daniel, um certo Dario, o Medo, foi rei de Babilónia antes de Ciro durante um curto período.
O facto de as fontes não bíblicas não fazerem menção deste Dario, o Medo, levou muitos pesquisadores à conclusão de que Daniel teria inventado este personagem. De facto, tudo parecia indicar que Ciro foi rei de Babilónia desde o início. Isso é verdade para o império Medo-Persa na sua globalidade. No entanto, a capital de Ciro não era Babilónia, mas sim Susa. Neste últimos anos, vários estudos demonstraram que houve textos desta época que foram datados segundo os anos de reinado de Ciro. Mas, ao mesmo tempo, estes textos permitiram compreender que Ciro não foi chamado “rei de Babilónia” com todos os títulos honoríficos que acompanhavam esse estatuto senão um ano e meio depois da queda de Babilónia. Isso poderia sugerir que outra pessoa teve o título de rei durante esse período intermédio. Dário, o Medo, tinha 62 anos quando começou a reinar. Já tinha ultrapassado largamente a média de idade na Antiguidade. Por seu lado, Ciro, o Persa, desejava certamente que um Medo ocupasse este lugar importante para que o carácter misto deste império continuasse credível. Chegamos então à conclusão que Daniel provavelmente nos transmitiu informações retas. Tudo leva a crer que Daniel sabia mais da história de Babilónia do que os autores clássicos.
Túmulo de Ciro.
Ciro prosseguiu a expansão do seu império até este ser o maior que já tinha existido. Foi preciso esperar pelos Romanos para aparecer um império ainda maior. O seu território estendia-se então da fronteira do Egito a Oeste e cobria uma grande parte da Turquia e da Mesopotâmia no centro, até ao Índu e às montanhas do Afeganistão a Este. Os seus sucessores juntaram a isto o Egito e o resto da Turquia. Por duas vezes, tentaram em vão anexar a Grécia.
No inicio, os Medos eram mais poderosos do que os Persas, mas sob o reinado de Ciro, a tendência já se tinha invertido.
Os eventos descritos no livro de Ester desenrolam-se em Susa, a capital persa no reinado do rei Xerxes (chamado Assuero na Bíblia). Um texto descoberto parece mencionar o nome de Mardoqueu e um novo estudo da história de Xerxes permitiu encontrar traços da famosa festa durante a qual a rainha Vasti foi afastada, o que torna possível o impressionante percurso de Ester. Durante muito tempo, o livro de Ester com as suas intrigas e o seu ambiente romântico foi considerado como uma espécie de conto das Mil e Uma Noite – erradamente.
Conclusão: A Mesopotâmia não está ligada à história bíblica senão indiretamente. Mas onde as ligações existem, a credibilidade da Bíblia é reforçada desde os períodos mais antigos até aos mais recentes.

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